Dmitry Gelfand e Evelina Domnitch, RU/NL
A Psicofísica da configuração do campo de forças
A arte-ciência imersiva é uma forma de expressão criativa que tem o objectivo de ir além da noção de arte como representação, a favor duma experiência multi-sensorial. Em vez de criar meros objectos de sedução estética convida o público a transcender os limites da percepção habitual. A imersividade acorda uma consciência sinestética de ambos os espaços, físico e mental. Uma miríade de fenómenos vibratórios, normalmente além do alcance do observador, são tornados rigidamente tangíveis através dum cuidado condicionamento psicofísico: “a análise de processos de percepção através do estudo dos efeitos na experiência ou comportamento dum sujeito variar sistematicamente as propriedades dum estímulo ao longo de uma ou mais dimensões físicas.”
A configuração do campo de forças refere-se à estruturação eficaz de características espácio-temporais através de campos de colisão de energia. Os estados resultantes de matéria/energia podem ser ulteriormente explorados de modo a estimular repostas sensoriais específicas. Normalmente, os psicofísicos são capazes, através de instrumentos inimagináveis de detecção e análise do passado, de fornecer resoluções cada vez mais altas de multi-eventos e interacções multi-dimensionais. Contudo, os mecanismos efémeros da consciência têm sido raramente tocados, ficando entre as questões mais importantes da ciência moderna. Tem-se tornado evidente que além do seu potencial exponencialmente acumulativo, a ciência sozinha não é capaz de satisfazer esta desafiante busca.
Considerando que os processos neuronais (como grande parte do mundo físico) residem para lá da escala espácio-temporal humana, as origens da cognição/conhecimento podem ser exploradas só através da extensão perceptiva. A convergência entre a arte imersiva e a pesquisa psicofísica tem gerado esta intimidade extra-sensorial, imbuindo-a com possibilidades evolutivas infinitas.
Biografia:
Dmitry Gelfand e Evelina Domnitch criaram ambientes sensoriais imersivos que fundem Física, Química e Ciências da Computação com práticas filosóficas misteriosas. Resultados actuais, sobretudo relativos a fenómenos ondulatórios, são utilizados pelos artistas para investigar questões de percepção e perpetualidade. Estas investigações são muito significativas porque a imagem científica do mundo, que serve como base para o pensamento contemporâneo, ainda não abrange os mecanismos da consciência não registáveis. Tendo deixado de parte a utilização de gravações e de media fixos, as instalações de Domnitch e Gelfand existem como fenómenos em transformação constante oferecidos para observação. Considerado que estes fenómenos, raramente vistos, acontecem directamente à frente do observador sem intermediários, servem muitas vezes para expandir consideravelmente a esfera sensorial do observador. O imediatismo desta experiência permite ao observador transcender a distinção ilusória entre descoberta científica e expansão perceptiva.
De modo a accionar estes processos efémeros, os artistas colaboraram com inúmeros centros de investigação científica, incluindo o Drittes Physikalisches Institut (Universidade de Goettingen, Alemanha), o Instituto de Ciência e Tecnologia Avançada (Japão), Ricso Lab (Russia) e o Meurice Institute (Bélgica). Receberam o Prémio de Excelência no Japan Media Arts Festival (2007) e uma Menção Honrosa no Prémio Ars Electronica (2007).